segunda-feira, 23 de julho de 2012

Look out the Window

Temos tantas pessoas, para quem nos podiamos nos virar e começar a odia-las... Mas às vezes so escolhemos aquelas que menos merecem ser odiadas! Porque será? Será por orgulho, por medo? Talvez sim.... Talvez não. 
E um dia vamos olhar para trás e vamos ver que nem tudo valeu a pena... Ou se calhar sim, se calhar odiar às vezes é a melhor solução, mas.... Cria feridas que nunca serão saradas... 
E olhamos pela janela... vemos um lindo dia, pessoas a passear, e olhamos para nós e sentimos um vazio que não pode ser preenchido...


quinta-feira, 12 de julho de 2012

Montanha


O olhar, a respiração estão a mil parece que vou rebentar. O olhar, a respiração estão tão lentos que parece que vou morrer. BUM  E tudo volta ao normal... 


A montanha de emoções que sinto neste momento é tão grande que só sei que só tenho amizade para dar! 
Pessoas, conversas e sítios fizeram-me lembrar da pessoa que sou e do que posso dar aos outros, sei que para isso preciso de me acalmar e de me encontrar... 
Será que realmente sou assim algo tão importante que valha a pena encontrar!


We'll See.....

domingo, 1 de julho de 2012

Portugal Um Fado falado




FADO FALADO

Fado Triste
Fado negro das vielas
Onde a noite quando passa
Leva mais tempo a passar
Ouve-se a voz
Voz inspirada de uma raça
Que mundo em fora nos levou
Pelo azul do mar
Se o fado se canta e chora
Também se pode falar

Mãos doloridas na guitarra
que desgarra dor bizarra
Mãos insofridas, mãos plangentes
Mãos frementes e impacientes
Mãos desoladas e sombrias
Desgraçadas, doentias
Quando à traição, ciume e morte
E um coração a bater forte

Uma história bem singela
Bairro antigo, uma viela
Um marinheiro gingão
E a Emília cigarreira
Que ainda tinha mais virtude
Que a própria Rosa Maria
Em dia de procissão
Da Senhora da Saúde

Os beijos que ele lhe dava
Trazia-os ele de longe
Trazia-os ele do mar
Eram bravios e salgados
E ao regressar à tardinha
O mulherio tagarela
De todo o bairro de Alfama
Cochichava em segredinho
Que os sapatos dele e dela
Dormiam muito juntinhos 
Debaixo da mesma cama

Pela janela da Emília
Entrava a lua
E a guitarra 
À esquina de uma rua gemia,
Dolente a soluçar.
E lá em casa:

Mãos amorosas na guitarra
Que desgarra dor bizarra
Mãos frementes de desejo
Impacientes como um beijo
Mãos de fado, de pecado
A guitarra a afagar
Como um corpo de mulher
Para o despir e para o beijar

Mas um dia,
Mas um dia santo Deus, ele não veio
Ela espera olhando a lua, meu Deus
Que sofrer aquele
O luar bate nas casas
O luar bate na rua
Mas não marca a sombra dele
Procurou como doida
E ao voltar da esquina
Viu ele acompanhado
Com outra ao lado, de braço dado
Gingão, feliz, levião
Um ar fadista e bizarro
Um cravo atrás da orelha
E preso à boca vermelha
O que resta de um cigarro
Lume e cinza na viela,
Ela vê, que homem aquele
O lume no peito dela
A cinza no olhar dele

E o ciume chegou como lume
Queimou, o seu peito a sangrar
Foi como vento que veio
Labareda atear, a fogueira aumentar
Foi a visão infernal
A imagem do mal que no bairro surgiu
Foi o amor que jurou
Que jurou e mentiu
Correm vertigens num grito
Direito ou maldito que há-de perder
Puxa a navalha, canalha
Não há quem te valha 
Tu tens de morrer
Há alarido na viela
Que mulher aquela
Que paixão a sua
E cai um corpo sangrando
Nas pedras da rua

Mãos carinhosas, generosas
Que não conhecem o rancor
Mãos que o fado compreendem
e entendem sua dor
Mãos que não mentem
Quando sentem
Outras mãos para acarinhar
Mãos que brigam, que castigam
Mas que sabem perdoar

E pouco a pouco o amor regressou
Como lume queimou
Essas bocas febris
Foi um amor que voltou
E a desgraça trocou
Para ser mais feliz
Foi uma luz renascida
Um sonho, uma vida
De novo a surgir
Foi um amor que voltou
Que voltou a sorrir

Há gargalhadas no ar
E o sol a vibrar
Tem gritos de cor
Há alegria na viela 
E em cada janela
Renasce uma flor
Veio o perdão e depois
Felizes os dois
Lá vão lado a lado
E digam lá se pode ou não
Falar-se o fado.


João Villaret
poema de: 
Aníbal Nazaré 
Nelson de Barros

E viva PORTUGAL!! E a CULTURA...